VOCÊ
SABE…
…o que é uma rerratificação?
Rerratificação é um neologismo
já registrado em nossos dicionários mais atuais e no Vocabulário Ortográfico da
Língua Portuguesa, publicado pela Academia Brasileira de Letras. Vem de
(re)tificar + ratificar. É a ação de retificar em parte uma certidão, contrato,
etc., e ratificar os demais termos não alterados.
É um termo muito usado na área
jurídica. Em linguagem mais simples, rerratificar é corrigir ou alterar
(=retificar) parte de um documento e confirmar (=ratificar) o restante.
Não significa, como alguns
imaginam, uma “nova ratificação”. Não é uma “reconfirmação”. Rerratificar não é
“ratificar de novo”. O elemento “re” vem do verbo retificar (=corrigir,
alterar); não é, portanto, o prefixo “re” (=novamente), que aparece em palavras
como refazer, rever, repor…
É importante lembrar a “velha”
distinção entre retificar e ratificar. Retificar é “tornar reto, corrigir,
consertar, reparar, alterar” e ratificar é “confirmar, validar, comprovar,
corroborar”.
Pode ser muito perigoso
confundir um com outro. Imagine se um colega de trabalho é demitido por ter
cometido uma infinidade de erros. Aí, você é designado para substituí-lo. E no
seu primeiro relatório escreve: “Ratifico todos os erros do meu antigo
companheiro”. Sabe o que vai acontecer? Ora, “vai para rua” também. Na verdade,
você deve ter retificado (corrigido) todos os erros, e não ratificado
(confirmado). E, para quem tem automóvel, confundir retificar com ratificar é
um absurdo, pois quem já teve problemas sérios no motor do seu carro deve ter procurado
uma retífica de motores. Numa “ratífica” é que ninguém conseguiu entrar até
hoje por uma razão muito simples: não existe.
Re-ratificação OU rerratificação?
Carta de um leitor: “Etimologicamente, a expressão re-ratificação é formada pelos parônimos : 1-
retificação (corrigir, alterar, modificar) e 2- ratificação (confirmar,
referendar, homologar). Ambos, combinados, formariam uma palavra composta, que,
em si, numa referência específica, traduziria alguma coisa ou algum detalhe em
especial que está sendo alterado, referendando-se, porém, o espírito global
daquilo que fora anteriormente acertado, geralmente em contrato formal. Assim
não pode/poderia ocorrer o processo de aglutinação, através da adição da sílaba
‘re’ (elemento foneticamente reduzido de retificação) ao vocábulo ratificação,
pois ambos os termos sustentam a sua independência semântica, sem prejuízo da
inerente intenção de modificar-se algum detalhe específico e, simultaneamente,
homologar-se a essência do que havia previamente contratado. Dessa forma,
poder-se-á concluir que o hífen não é facultativo.”
Concordo com boa parte dos comentários do nosso leitor e
respeito os seus argumentos, mas tenho uma boa e uma má notícia: 1a)
a boa é que ele tem razão quando afirma que o uso do hífen, nesse caso, não é
facultativo; 2a) a má é que, segundo os nossos dicionários (Aurélio,
Michaelis) e o Vocabulário Ortográfico da ABL, que tem força de lei, a grafia
oficial é sem hífen: rerratificação.
Eu, particularmente, tenho
certa aversão ao hífen, talvez por amar a língua espanhola, que aboliu o hífen
e não sente saudade alguma.
É importante lembrar, também,
que o novo acordo ortográfico RATIFICOU o uso do prefixo “re-“ sempre junto.
Devemos escrever sem hífen, independentemente da letra que começa a palavra
primitiva: reerguer, reenviar, reeleição (vogais iguais); reaver, reabitar (o
“h” desaparece); ressalgado, ressurgir (com dois esses), rerradiação,
rerratificar (com dois erres).
DESAFIO
Que é um factoide?
a) uma grande
mentira;
b) um fato,
verdadeiro ou não, divulgado com sensacionalismo para gerar impacto na opinião
pública;
c) uma falsa
denúncia usada para incriminar o concorrente.
Resposta do DESAFIO:
Letra (b) factoide = facto
(fato, acontecimento) + oide (próximo, semelhante). É um termo muito usado no
meio político. O factoide é sempre divulgado de um modo sensacionalista, com o
propósito deliberado de impressionar o povo.
Factoide OU factóide?
Segundo o novo acordo
ortográfico, as palavras paroxítonas que recebiam acento agudo devido ao timbre
aberto dos ditongos “éi” e “ói” PERDERAM o acento gráfico: ideia, assembleia,
europeia, ateia, Coreia, epopeia, colmeia, centopeia; heroico, joia, boia, jiboia,
apoia, esferoide, asteroide, debiloide, factoide.
É interessante lembrar que esse
acento agudo foi mantido nas palavras oxítonas: papéis, anéis, pastéis,
quartéis, coronéis, painéis, tonéis; herói, dói, mói, rói, lençóis, anzóis,
faróis.
E não esqueça que Méier e
destróier continuam com acento agudo porque são paroxítonas terminadas em “r”.
Recebem acento gráfico pelo mesmo motivo de repórter, éter, mártir, caráter,
contêiner, hambúrguer… A regra das paroxítonas não foi alterada pelo novo
acordo ortográfico.
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