O verbo
HAVER
É frequente ouvirmos a expressão “HÁ
MUITO TEMPO ATRÁS”. Trata-se de uma redundância, pois, se ocorreu
“HÁ MUITO TEMPO”, só pode ter sido “MUITO TEMPO ATRÁS”.
Aprendemos, faz tempo, que
devemos usar a forma “HÁ”, do verbo “HAVER”, quando nos referimos a um tempo já
transcorrido: “Não nos vemos HÁ dois dias”; “HÁ dez anos que ele partiu”.
É interessante observar que a redundância “HÁ…ATRÁS” só ocorre com o
verbo “HAVER”. Quando se opta pelo verbo “FAZER”, ninguém diz “FAZ
dez anos ATRÁS”. Aí todos falam corretamente: “FAZ dez anos”; “FAZ
muito tempo”.
É importante lembrar também
que, caso a ideia seja de “tempo futuro” ou de “distância”, devemos usar a preposição
“a”: “Só nos veremos daqui a dois dias”; “Estamos a dez quilômetros do
vilarejo”.
Vamos ver se consigo
simplificar as “coisas”.
A dúvida é uma só: é verbo ou
não é verbo?
Se for, devemos escrever “HÁ”;
se não for, trata-se da preposição “a”. Para provar que é verbo, podemos usar o
“macete” da substituição do “HÁ” pela forma “FAZ”: “Não nos vemos há (=faz)
dois dias”, “Há (=faz) dez anos que ele partiu.”
Caso a substituição não seja possível, significa que não é
verbo. Em “Só nos veremos daqui a dois dias”, não é possível substituirmos por
“daqui faz dois dias”. O mesmo ocorre em “Estamos
a dez quilômetros do lugarejo” (“Estamos faz dez quilômetros” não faz sentido).
Usamos “ano-luz” para medir
distância: “…um astro semelhante ao sol a 153 anos-luz de distância da Terra.”
O certo, portanto, é “…estão a anos-luz de distância…”
Por outro lado, está correto o leitor escrever: “o eclipse
ocorreu há (=faz) 153 anos” e “…ocorreu há (=faz) muitos anos terrestres atrás”.
O “atrás” é
que é desnecessário. Agora, temos a ideia de “tempo transcorrido”.
HÁ ou HAVIA?
Leitor quer saber: “Ela estava
em cena HÁ ou HAVIA mais de uma hora”.
Segundo o princípio da
correspondência dos tempos verbais, devemos dizer que “ela ESTAVA em cena HAVIA
mais de uma hora”.
O princípio é o seguinte:
devemos usar “HAVIA” em vez de “HÁ”, quando o verbo que acompanha está no
pretérito imperfeito (=estava, fazia, era) ou no pretérito mais-que-perfeito
(=estivera, fizera, soubera, tinha estado, havia feito).
Em caso de dúvida, podemos usar
o seguinte “macete”: substituir o verbo “HAVER” pelo “FAZER”. Se o resultado da
troca for “FAZIA” (e não “FAZ”), use “HAVIA” (e não “HÁ”):
“ESTAVA sem comer HAVIA
(=fazia) três dias.”
“HAVIA (=fazia) dez anos que o
clube não ERA campeão.”
“Ela ESTIVERA naquela cidade
HAVIA (=fazia) muito tempo.”
É importante observar que a
ação se encerrou. A forma HÁ (=faz) indica que a ação verbal prossegue. Veja a
diferença:
a) “HAVIA dez
anos que o clube não era campeão.” (=o clube acabou
de ganhar o campeonato);
b) “HÁ dez
anos que o clube não é campeão.” (=o clube continua sem
ganhar o campeonato).
TEM ou HÁ?
Leitor considerou uma vergonha
o anúncio: “No Brasil não TEM maremotos, vulcões, terremotos, furacões.”
Comentário de outro leitor:
“Aprendi que não devemos confundir os verbos “HAVER” e “TER”: ‘Nesta banca HÁ
(=existe) várias revistas’ e ‘Esta banca TEM (=possui) várias revistas’. Os
gênios da publicidade são os que mais cometem tal erro.”
Os nossos leitores têm razão em
parte. Segundo a gramática tradicional, não devemos usar o verbo “TER” no
sentido de “HAVER” (=existir).
Não podemos, entretanto,
esquecer que o uso do verbo “TER” em lugar do verbo “HAVER” é uma das
características do Português falado no Brasil. Isso significa que, num texto
informal que queira retratar a linguagem coloquial brasileira, o uso do verbo
TER é aceitável.
Não devemos reduzir o caso a
simples discussão de certo ou errado. Inadequado seria usar o verbo TER
(=haver, existir) em textos formais que exijam uma linguagem mais cuidada, que
siga os padrões da chamada norma culta.
O GRAMA ou A GRAMA?
Estava escrito: “…a
grama da gordura
animal tem nove calorias, enquanto a grama da proteína do feijão tem quatro
calorias.”
Nossos leitores têm razão. O
autor deve estar fazendo referência “à grama” que o animal comeu e virou
gordura e também “à grama” que nasceu junto aos pés de feijão.
A história é velha, mas vamos
repetir. O substantivo GRAMA quando se refere à massa (na linguagem popular,
falamos “peso”) é MASCULINO.
Portanto, “…O GRAMA da gordura
animal tem nove calorias, enquanto O GRAMA da proteína do feijão tem quatro
calorias.”
Qual é a forma correta?
1ª) Ver O jogo ou AO jogo?
2ª) Assistir O jogo ou AO jogo?
Segunda a regência clássica,
exigida em nossos concursos, as respostas corretas são:
1ª) Ver O jogo (VER é verbo transitivo direto);
2ª) Assistir AO jogo (ASSISTIR, no sentido de “ver”, é
transitivo indireto).
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c ^ �� e-converted-space> haja
visto);
3ª) A RESPEITO DE (Não há crase
antes de palavra masculina).
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