Deu no
jornal: “Por causa destes cinco ítens, que causaram a
reprovação…”
Observação de um leitor: “Desconheço as regras que permitam acentuar
a palavra ítens.”
Eu também.
As palavras paroxítonas
terminadas em “em” ou “ens” não recebem acento gráfico: jovem, jovens; ordem,
ordens; nuvem, nuvens; homem, homens; modem, modens; item, itens; polens,
abdomens, liquens, hifens…
O PLURAL DE BRASIL É BRASIS?
É isso mesmo.
As palavras terminadas em “il”
fazem plural segundo a posição da sílaba tônica:
a) Palavras oxítonas = a terminação “il” vira
“is”: funil – funis; barril – barris; Brasil – Brasis;
b) Palavras
paroxítonas = a terminação “il” vira “eis”: projétil – projéteis; estêncil –
estênceis; fóssil – fósseis.
MAGÉRRIMO ou MACÉRRIMO?
Internauta quer saber se a
forma “magérrimo” já é aceitável.
O Vocabulário Ortográfico da
Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, registra duas formas:
magérrimo e macérrimo.
O dicionário Aurélio registra,
mas classifica “magérrimo” como um superlativo anormal.
O dicionário Michaelis também
registra. Classifica “magérrimo” como anormal e diz que o certo é macérrimo.
Não é uma questão de certo ou
errado. As duas formas são aceitáveis.
A forma “magérrimo” é
característica da linguagem coloquial brasileira. Sem dúvida, é a variante mais
usada.
Em textos formais, que exijam o
padrão culto, o melhor é usar macérrimo.
FEMURAL ou FEMORAL?
Comentário de um leitor: “Na reportagem sobre a internação de um
artista, o texto explicativo e o desenho ilustrativo do procedimento médico de
cateterismo para a cinecoronariografia indicam a artéria “femural”,
quando o correto é FEMORAL”
O nosso leitor está certíssimo.
Embora o osso da coxa seja o FÊMUR com “u”, o adjetivo a ele relacionado deve
ser escrito com “o”, ou seja, o certo é FEMORAL.
ATEMPORAL ou INTEMPORAL?
Internauta quer saber se a
palavra ATEMPORAL está errada, pois, segundo ele, não encontrou em nenhum
dicionário pesquisado.
Até bem pouco tempo, ensinava
aos meus alunos que, embora a forma ATEMPORAL fosse de uso corrente, o certo
era usar o adjetivo INTEMPORAL. Mas a língua é viva…
O novo dicionário Aurélio e o
Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, publicado pela Academia
Brasileira de Letras, já registram a palavra ATEMPORAL.
Assim sendo, não se considera
“erro” o uso do adjetivo ATEMPORAL. Temos oficialmente as duas opções:
INTEMPORAL ou ATEMPORAL. Você decide.
IR A ou IR PARA?
Leitor quer saber qual é a
distinção entre “eu vou a São Paulo” e “eu vou para São Paulo”.
As duas formas são corretas. A
regência do verbo IR aceita tanto a preposição “a” quanto a preposição “para”.
A diferença é semântica, ou seja, há uma pequena alteração no sentido da frase.
O uso da preposição “a”, nesse
caso, dá uma ideia de “transitoriedade”, de algo “passageiro”; a preposição
“para” dá uma ideia de “permanência”, de algo “definitivo”.
Se você viajar a São Paulo, eu
imagino uma viagem a serviço, que você vai e volta no mesmo dia, que se trata
de uma viagem rápida.
Caso você viaje para São Paulo,
eu posso imaginar que você foi transferido e vai ficar morando em São Paulo ou
que se trata de uma viagem longa, sem data para voltar.
É interessante observar que, na
linguagem popular, quando alguém é demitido ou um jogador é expulso de campo,
dizemos que ele “foi pra rua” ou “foi pra fora”. É a ideia de “coisa
definitiva”, e não transitória.
Assim sendo, no seu trabalho,
uma “saidinha” é “ir à rua”. Quem “vai pra rua” geralmente não volta. É como a
garotada que vai “pra noite” ou “pra praia”. É quem não tem hora para voltar.
É a velha dúvida de quem não
sabe se manda alguém “a” ou “para” algum lugar.
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