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segunda-feira, 8 de abril de 2013

Você sabe o que é uma rerratificação? E um factoide?


VOCÊ SABE…
…o que é uma rerratificação?
Rerratificação é um neologismo já registrado em nossos dicionários mais atuais e no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, publicado pela Academia Brasileira de Letras. Vem de (re)tificar + ratificar. É a ação de retificar em parte uma certidão, contrato, etc., e ratificar os demais termos não alterados.
É um termo muito usado na área jurídica. Em linguagem mais simples, rerratificar é corrigir ou alterar (=retificar) parte de um documento e confirmar (=ratificar) o restante.
Não significa, como alguns imaginam, uma “nova ratificação”. Não é uma “reconfirmação”. Rerratificar não é “ratificar de novo”. O elemento “re” vem do verbo retificar (=corrigir, alterar); não é, portanto, o prefixo “re” (=novamente), que aparece em palavras como refazer, rever, repor…
É importante lembrar a “velha” distinção entre retificar e ratificar. Retificar é “tornar reto, corrigir, consertar, reparar, alterar” e ratificar é “confirmar, validar, comprovar, corroborar”.
Pode ser muito perigoso confundir um com outro. Imagine se um colega de trabalho é demitido por ter cometido uma infinidade de erros. Aí, você é designado para substituí-lo. E no seu primeiro relatório escreve: “Ratifico todos os erros do meu antigo companheiro”. Sabe o que vai acontecer? Ora, “vai para rua” também. Na verdade, você deve ter retificado (corrigido) todos os erros, e não ratificado (confirmado). E, para quem tem automóvel, confundir retificar com ratificar é um absurdo, pois quem já teve problemas sérios no motor do seu carro deve ter procurado uma retífica de motores. Numa “ratífica” é que ninguém conseguiu entrar até hoje por uma razão muito simples: não existe.

Re-ratificação OU rerratificação?
Carta de um leitor: “Etimologicamente, a expressão re-ratificação é formada pelos parônimos : 1- retificação (corrigir, alterar, modificar) e 2- ratificação (confirmar, referendar, homologar). Ambos, combinados, formariam uma palavra composta, que, em si, numa referência específica, traduziria alguma coisa ou algum detalhe em especial que está sendo alterado, referendando-se, porém, o espírito global daquilo que fora anteriormente acertado, geralmente em contrato formal. Assim não pode/poderia ocorrer o processo de aglutinação, através da adição da sílaba ‘re’ (elemento foneticamente reduzido de retificação) ao vocábulo ratificação, pois ambos os termos sustentam a sua independência semântica, sem prejuízo da inerente intenção de modificar-se algum detalhe específico e, simultaneamente, homologar-se a essência do que havia previamente contratado. Dessa forma, poder-se-á concluir que o hífen não é facultativo.”
Concordo com boa parte dos comentários do nosso leitor e respeito os seus argumentos, mas tenho uma boa e uma má notícia: 1a) a boa é que ele tem razão quando afirma que o uso do hífen, nesse caso, não é facultativo; 2a) a má é que, segundo os nossos dicionários (Aurélio, Michaelis) e o Vocabulário Ortográfico da ABL, que tem força de lei, a grafia oficial é sem hífen: rerratificação.
Eu, particularmente, tenho certa aversão ao hífen, talvez por amar a língua espanhola, que aboliu o hífen e não sente saudade alguma.
É importante lembrar, também, que o novo acordo ortográfico RATIFICOU o uso do prefixo “re-“ sempre junto. Devemos escrever sem hífen, independentemente da letra que começa a palavra primitiva: reerguer, reenviar, reeleição (vogais iguais); reaver, reabitar (o “h” desaparece); ressalgado, ressurgir (com dois esses), rerradiação, rerratificar (com dois erres).

DESAFIO
Que é um factoide?
a)    uma grande mentira;
b)    um fato, verdadeiro ou não, divulgado com sensacionalismo para gerar impacto na opinião pública;
c)    uma falsa denúncia usada para incriminar o concorrente.

Resposta do DESAFIO:
Letra (b) factoide = facto (fato, acontecimento) + oide (próximo, semelhante). É um termo muito usado no meio político. O factoide é sempre divulgado de um modo sensacionalista, com o propósito deliberado de impressionar o povo.

Factoide OU factóide?
                   Segundo o novo acordo ortográfico, as palavras paroxítonas que recebiam acento agudo devido ao timbre aberto dos ditongos “éi” e “ói” PERDERAM o acento gráfico: ideia, assembleia, europeia, ateia, Coreia, epopeia, colmeia, centopeia; heroico, joia, boia, jiboia, apoia, esferoide, asteroide, debiloide, factoide.
É interessante lembrar que esse acento agudo foi mantido nas palavras oxítonas: papéis, anéis, pastéis, quartéis, coronéis, painéis, tonéis; herói, dói, mói, rói, lençóis, anzóis, faróis.
E não esqueça que Méier e destróier continuam com acento agudo porque são paroxítonas terminadas em “r”. Recebem acento gráfico pelo mesmo motivo de repórter, éter, mártir, caráter, contêiner, hambúrguer… A regra das paroxítonas não foi alterada pelo novo acordo ortográfico.

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