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segunda-feira, 8 de abril de 2013

Saiba quando usar e quando evitar as palavras estrangeiras


Na nossa campanha contra os modismos, chegou a hora de analisarmos o uso excessivo dos estrangeirismos.
Por muito tempo, em nossas escolas, os professores ensinavam como “erro” o uso de galicismos (palavras de origem francesa). Era proibido falar ou escrever abajur, chofer, detalhe… Éramos obrigados a substituir por quebra-luz, motorista e pormenor. E o tempo provou que estávamos enganados. Hoje, todos nós usamos – sem culpa ou pecado – abajur, chofer e detalhe. Temos até um belíssimo réveillon, na sua forma original.
Agora o inimigo são os anglicismos. Palavras e expressões inglesas infestam e poluem a nossa fala. Temos um festival de beach soccer, play off, delivery, shopping, brainstorming, software,marketing e tantos outros.
A presença de termos estrangeiros no uso diário de uma língua não é crime nem sinal de fraqueza. Ao contrário, é sinal de vitalidade. Só as línguas vivas têm essa capacidade de enriquecimento. A forte presença do inglês na língua portuguesa é reflexo da globalização, do imperialismo econômico, do desenvolvimento tecnológico americano etc. Poderíamos citar muitas outras causas, mas há uma em especial que merece destaque: a paixão do brasileiro em geral pelas “coisas estrangeiras”. Nós adoramos a grife, o carro importado, a palavra estrangeira. Tudo dá status.
É, portanto, um problema muito mais cultural do que simplesmente linguístico.
Valorizar a língua portuguesa, sim; fechar as portas, não.
Há no congresso um projeto de valorização da língua portuguesa. Valorizar nosso idioma é louvável, mas é um absurdo criar uma lei que possa vir a punir o seu João da esquina porque escreveu hot dog em vez de cachorro-quente.
Se aprovada, será mais um péssimo exemplo de lei a não ser cumprida neste país. Quem vai fiscalizar?
Não precisamos de lei para proteger a nossa língua. Necessitamos, sim, é de recursos para melhorar o nosso ensino, investir na educação, talvez criar um Instituto Machado de Assis, semelhante ao Instituto Camões, de Portugal, e ao Instituto Cervantes, da Espanha.
E aí você me pergunta: e a Barra da Tijuca? Eu respondo: qualquer semelhança com Miami não é mera coincidência.
E é contra isso, contra os exageros, contra os modismos, que devemos lutar. A nossa crítica deve concentrar-se no ridículo, no “desnecessário”. Para que “sale”, se sempre vendemos? Por que“startar”, se podemos começar, iniciar, principiar? Se podemos entregar em domicílio, para que serve o ridículo “delivery”?
O modismo a ser criticado é esta lista imensa de palavras e expressões inglesas para as quais a nossa língua já está bem provida: beach soccer (futebol de areia), paper (documento), printar (imprimir)…
O aportuguesamento de termos estrangeiros também é uma boa saída. É só lembrar o futebol, o blecaute, o estresse, o balé, o filé, o chope, o espaguete…
E o que fazer com o dumping? Não conseguimos aportuguesar e não há em português uma palavra para traduzi-la: “é quando uma empresa faz preços abaixo do mercado para quebrar o concorrente”. É demais. Nestas horas, o termo estrangeiro é bem-vindo, pois enriquece a língua. E há outros bons exemplos: ranking, show, marketing, impeachment. São palavras devidamente incorporadas à nossa língua cotidiana.
Portanto, nada de radicalismos. É importante valorizar a língua portuguesa, mas nada de purismo e xenofobia.

TRIBUTO, TAXA e IMPOSTO
O internauta diz: “Na sua coluna você informa que taxa é ‘tributo, imposto; ou razão de juro’. No art.5, o Código Tributário Nacional distingue: ‘Os tributos são impostos, taxas, e contribuições de melhoria’. Vale dizer: tributo é gênero; impostos, taxas e contribuições de melhoria são espécies. Ou seja, taxa é tributo; mas não é imposto, que é outra modalidade de tributo.”
A definição da palavra taxa publicada nesta coluna é aquela que a maioria dos nossos dicionários apresenta.
Os meus amigos advogados já haviam me ensinado a diferença.
Usando uma linguagem mais simples para que todos nós, leigos, possamos entender:
1.    TAXA – Tipo de tributo para o qual há uma contrapartida, a prestação de um serviço por exemplo. Nós pagamos a taxa do lixo para que a prefeitura retire o lixo; pagamos a taxa de iluminação pública para que haja iluminação nas vias públicas…
2.    IMPOSTO – Tipo de tributo para o qual não há uma contrapartida específica. Nós pagamos Imposto de Renda porque temos renda; pagamos IPTU, porque temos uma casa, um apartamento, um terreno; pagamos IPVA, porque temos um automóvel, um barco, um avião…
3.     TRIBUTO – É um termo genérico. Engloba taxas, impostos e contribuições.  É tudo aquilo que pagamos para viver na “tribo”, ou seja, em sociedade. Daí o tribuno para nos representar e o tribunal para julgar os que vivem na tribo.

Qual é o plural de SEM-TERRA?
Pergunta de vários leitores: “Muitos usam a palavra “sem-terras” no singular, outros no plural. Qual é o certo?”
As palavras compostas com a preposição SEM, tipo sem-terra e sem-teto são invariáveis. Devemos dizer “os sem-terra” e “os sem-teto”.
Não seguem, portanto, a regra que manda flexionar o segundo elemento (=substantivo) quando o primeiro for invariável (=preposição): contra-ataques, vice-campeões.

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