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segunda-feira, 18 de março de 2013

Saiba as causas de dor abdominal em crianças

Por DRA. STELLA CIPOLLI É uma queixa muito comum na infância, muitas vezes não significa necessariamente um sintoma de doença, pois a criança tem dificuldade em expressar o que realmente a incomoda, mas a sensação de fome ou de saciedade pode ser referida como “ dor de barriga”, bem como a vontade de urinar, evacuar ou eliminar gazes. É muito freqüente a dor abdominal estar relacionada ao medo, ansiedade ou mesmo como uma forma de chamar a atenção dos pais. O diagnóstico correto exige interação entre a criança, os pais e o pediatra. As principais causas de dor abdominal em crianças são: Cólicas dos bebês Inicia por volta dos 15 dias de vida, ocorre um pico com 45 dias de vida e a partir daí vem numa decrescente até 3 meses ou um pouco mais. Ocorre por imaturidade do sistema digestivo da criança e também pelo excesso de ar no estômago ingerido através das mamadas, parte deste ar desloca para o intestino causando dor. As cólicas ocorrem mais comumente ao final do dia e início da noite. O bebê apresenta intensa irritabilidade, choro constante e inconsolável, nem mesmo o seio materno o acalma. Fica vermelho, inquieto, faz caretas, estica e encolhe as perninhas, o abdome fica tenso e é comum ele eliminar gazes enquanto faz força. O aleitamento artificial tende a piorar as cólicas dos bebês. Gastroenterocolites agudas ( Diarréias ) Consiste na alteração abrupta da função gastrointestinal, caracterizada por aumento da freqüência e volume das evacuações e com diminuição da consistência das fezes. A maior parte das diarréias agudas é causada por vírus, outras menos comuns são as causadas por bactérias ou parasitas. Muitas vezes antes de iniciar o processo de diarréia, a criança se queixa inicialmente de dor abdominal, tipo cólicas. A diarréia pode estar também acompanhada de vômitos e febre. A desidratação é a complicação mais temida e nas crianças costuma aparecer rapidamente. Verminoses Devido à alta incidência em nosso meio, merece especial atenção. A contaminação se dá de várias formas, sendo que a principal é a ingestão de água ou alimentos contaminados, frutas e verduras mal lavadas ou mal cozidas, mãos sujas, objetos contaminados como chupeta, brinquedos, copos, talheres, etc É raro uma criança menos de 6 meses adquirir verminose, pois até essa idade dificilmente vão para o chão, além disso o aleitamento materno exclusivo também protege o bebê e evita que alimentos contaminados possam ser ingeridos. Porém a partir do momento que vão para o chão e quando começam a colocar tudo na boca, ficam mais susceptíveis a adquirir verminoses. De um modo geral, a maioria das crianças infectadas apresentam dor abdominal , cólicas, náuseas, vômitos, perda de apetite, anemia e fadiga. Refluxo gastroesofâgico ( RGE ) É uma doença que pode acometer tanto os bebês quanto as crianças maiores. A grande maioria dos bebês apresenta RGE por causa da imaturidade do esfíncter esofageano. É chamado de RGE fisiológico e faz parte do desenvolvimento normal da criança, só é considerado patológico quando os episódios de vômitos são muito intensos e em grandes quantidades e a criança apresenta sintomas como irritabilidade, choro persistente, dificuldade para dormir, dificuldade para ganhar peso, devido à dor e queimação sentida pelo esôfago com o retorno do alimento do estômago. Em casos mais graves a criança pode aspirar o próprio refluxo, levando a uma pneumonia aspirativa. Nas crianças mais velhas os sintomas são de sensação de queimação no peito, que se move até o pescoço ( azia ), gosto amargo na boca, vômitos ou náuseas, tosse, arrotos e dor para engolir. Constipação intestinal crônica ( prisão de ventre ) Causa freqüente de dor abdominal e pode passar despercebida pelos pais , principalmente em crianças maiores que já vão sozinhas ao banheiro. É caracterizada pela dificuldade em evacuar, devido ao endurecimento e/ou grande volume das fezes, causando dor e desconforto. Em bebês é comum ocorrer quando não ocorre aleitamento materno, pois as fórmulas artificiais tendem a prender as fezes do bebê e aumentar as cólicas, principalmente quando adiciona-se “ engrossantes ” ao leite. Pode ocorrer também por inibição do reflexo da evacuação e em crianças maiores devido a uma dieta pobre em fibras e pouco consumo de água. Apendicite aguda É causa de dor abdominal aguda e sendo necessário tratamento cirúrgico. Em sua forma típica, inicia com dor em torno do umbigo, acompanhada de náuseas e vômitos. Horas depois a dor localiza-se na parte inferior do lado direito do abdome, acompanhado por febre e perda de apetite. A dor piora quando a pessoa se move, principalmente quando anda, quando respira profundamente, tosse ou espirra. Embora possa ocorrer em qualquer idade, raramente surge em crianças menores de 6 anos. Na suspeita de apendicite, deve-se procurar um médico imediatamente. Gastrite É uma inflamação no estômago e pode ocorrer em bebês, crianças e adolescentes. Existem diversas causas, entre elas : medicamentos ( aspirina, corticóides e antibióticos), traumatismos, stress, bactéria ( Helicobacter pylori ), maus hábitos alimentares ( ingestão freqüente de frituras, refrigerantes, alimentos condimentados e artificiais ), além da predisposição genética. As crianças com gastrite se queixam de dor abdominal, em queimação, na região do estômago, mas os pequenos dificilmente conseguem localiza-lá. A dor pode ser acompanhada de irritabilidade, perda de apetite, enjôos e vômitos com conseqüente perda de peso. O tratamento é clínico com medicamentos específicos, mas a mudança nos hábitos alimentares é fundamental para o sucesso do tratamento. * Dra Stella Cipolli é médica Pediatra e Imuno Alergista. Fez residência na Santa Casa de São Paulo. Possui títulos de Especialista em Pediatria e Imuno Alergia. Atualmente atende em seu consultório na Clínica Vittah e é médica do Hospital Albert Einstein.

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